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O que é audiofilia? Como encarar essa questão?

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Mais um artigo, esse acho que se aproxima bem do que o Kleber fala. E engraçado que ele estava na front page da ClassAudio, uma das lojas voltadas para o público Hi End do residencial, com caixas de centenas de milhares de reais anunciadas etc.

 

Audiofilia Sem Áudio

 

Digo audiofilia sem áudio porque aqui não irei discorrer sobre o áudio em si, mas realizar uma reflexão mais ou menos livre sobre a faculdade da audição, sobre algumas das características e particularidades do ato complexo e pessoal de escutar.

Imagine-se em uma sala, pronto para escutar uma seleção de músicas. Ao tomar essa decisão, seu corpo prepara-se para escutar, entender, prestar atenção, analisar, deleitar-se com o objeto desse ato, a música a ser escutada.

Mas, no momento em que decide escutar algo em especial, sua atenção se prepara para isso desviando, isolando, seus ruídos internos. Sim, para escutar atentamente, temos que colocar em ação nossos filtros de ruídos internos. Caso tenha dúvidas, preste atenção em sua respiração, no rebater (no meu caso, debater) de seu coração, em seus ouvidos, sua boca, etc.. Não parece, mas nossos ruídos internos soariam para nós mais altos que o vibrar de seus aparelhos de áudio e, todavia, você consegue escutar a música como se esses ruídos não existissem.

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Há mais ruídos à solta: há carros passando na rua da frente de sua casa, um cachorro latindo no quarteirão de trás, aves piando, um ônibus ultrapassando um caminhão e freando, um avião passando ao longe, pessoas conversando na calçada do outro lado, uma obra em andamento no consultório que está sendo construído, viaturas chegando e saindo da delegacia ou quartel, sua esposa cozinhando, a empregada lavando a roupa, etc. Há, enfim, centenas de fontes de ruído que chegam simultaneamente aos seus ouvidos e você só percebe se prestar atenção. Mas percebe, ouve. Por isso, deverá abstraí-los de sua audição musical.

O primeiro ato para escutar algo com atenção é, portanto, uma decisão pessoal: concentrar sua atenção em algo definido e desviá-la do que não interessa.

Dizem os técnicos, nas exposições sobre audição, que o som é transmitido em forma de uma onda sonora. Mas isso, mesmo sendo um fato, é apenas uma simplificação, pois, exceto em situações muito especiais, não existe o som solitário. Cada som é gerado por uma fonte em particular e, no caso de sonoridades musicais, o que caracteriza essa sonoridade é justamente sua complexidade, a riqueza sonora, de seu instrumento de emissão. Ou seja, quando uma corda, palheta ou simplesmente o ar comprimido, vibram e produzem o som, essa vibração ocorre em uma freqüência fundamental, mas paralelamente são produzidas as ressonâncias típicas daquele objeto e de suas partes, assim como os harmônicos respectivos, em sua estrutura e duração típicas, mais as reverberações e ressonâncias produzidas pelos demais objetos presentes. Cada nota pode produzir um mundo de sonoridades.

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Normalmente, os instrumentos musicais não são tocados isoladamente, mas em conjuntos e em salas com características sonoras próprias.

Ou seja, na prática não existe uma “onda sonora”, um tom típico e solitário, a ser ouvido de forma isolada, mas uma complexidade sonora, provinda da realidade que nos envolve, da qual nosso psiquismo irá extrair os sons relevantes para o tipo de audição a que nos preparamos e nos dispusemos a escutar.

Além disso, temos apenas um tímpano em cada ouvido, porém nas situações concretas chega, continuamente, a eles, uma complexidade de ondas, ou melhor, de sínteses sonoras, nas quais ele deverá estabelecer hierarquias e seleções, de forma a que o produto desse ato se constitua em uma mensagem sonora e signifique alguma coisa para aquele que escuta.

Porque todo esse longo raciocínio? Apenas para demonstrar que até mesmo fisicamente, fisiologicamente, o ato de escutar é essencialmente subjetivo, pessoal, dependente do psiquismo pessoal e do aprendizado, das escolhas feitas com anterioridade, consciente ou inconscientemente, pelo ouvinte.

Mas, há mais aspectos envolvidos, pois sons ou ruídos isolados, desconhecidos ou sem identificação, nada significam para aquele que os ouve. Seriam apenas ruídos.

Embora inicialmente destinada a funções muito específicas para os seres vivos, a audição humana ultrapassou há muito seu utilitarismo básico, de auxiliar na localização de fontes sonoras e objetos, de identificação de possíveis presas ou predadores e passou a ser um dos principais instrumentos de conhecimento, transmissão de idéias, diversão e entretenimento, desenvolvimento de relações sociais, amorosas, enfim, a fazer parte do processo de educação, socialização, convivência; parte essencial da cultura humana.

Na verdade, em seu uso cotidiano, escutar é uma forma de conhecer (ou reconhecer), é um ato sensorial basicamente intelectual, de entendimento, que adota seu formato definitivo, sua imagem final, no córtex cerebral, embora todas as instâncias da audição estejam intimamente interligadas.

Escutar, portanto, basicamente, é tomar conhecimento de algo, que não necessariamente precisa assomar à consciência, mas que toma a forma de um ato intelectual típico, quando se trata especificamente da fala ou da música. Em outras palavras, escutar música é entender, é raciocinar, é estabelecer relações entre sons atuais, que se está escutando e, entre esses sons e nossos registros semelhantes anteriores, é pensar.

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Escutar música e entendê-la, portanto, depende de um conhecimento anterior do que são, o que significam aqueles sons; de como devem ser entendidos, relacionados. Resulta, assim, de um processo de aprendizado, mais longo e profundo quanto mais complexo e elaborado for o discurso musical.

Cada um de nós constrói sua história auditiva, seus referenciais sonoros, de uma forma muito própria, pessoal. Seja em função de nossas características auditivas únicas, seja em função de nossa experiência pessoal, seja em virtude de nossas escolhas musicais e sonoras.

Não há, assim, uma verdade universal absoluta em áudio. Podem existir tendências gerais, uniformidades parciais, mas o verdadeiro conteúdo daquilo que cada um de nós escuta pertence e faz sentido apenas ao próprio ouvinte.

Ao decidir-se por escutar som reproduzido eletronicamente, o ouvinte acaba se encaminhando por caminhos determinados, acaba optando por tipos determinados de aparelhos e sonoridades, que mais lhe agradam, estabelece os limites que julga razoáveis para seus gastos com essa espécie de entretenimento, etc. Enfim, são suas características pessoais únicas, mas também suas opções sucessivas que acabam desembocando em uma forma determinada de escutar.

Assim como o cachimbo molda a boca do fumante, as opções e o costume acabam moldando o “ouvido”, a sensibilidade, do ouvinte. Aos poucos, sucessivamente, através de suas opções, ele acaba determinando qual tipo de sonoridade, qual timbre de áudio mais lhe agrada e melhor representará para si o modelo mental que construiu da realidade que busca reproduzir. Pois, evidentemente, o som que corresponde ao real, o modelo pelo qual medimos o mundo, é para nós, sempre, apenas uma representação mental. Daí o seu inevitável subjetivismo.

audiofilia_sem_audio_5.jpg

A subjetividade é a essência da atividade de escutar, especialmente música reproduzida eletronicamente. Por mais semelhantes que pareçam ser, em alguns aspectos, as pessoas divergem bastante em seus juízos e avaliações sonoras. Assim a primeira “missão” daquele que gosta de áudio seria saber o que de fato lhe agrada, independentemente do juízo alheio. A segunda seria respeitar integralmente as escolhas, opções e avaliações dos outros.

No transcorrer do tempo, cada um de nós, individualmente, conforme se multipliquem suas experiências e as situações, mudará bastante seu modo particular de escutar e nossas escolhas atuais, embora seja produto das decisões anteriores, serão sempre, em alguma medida, novas e diferentes em cada momento. O ato de escutar com esmero e refinamento evolui, nem sempre para melhor, mas é um processo contínuo de aprendizado e evolução.

Seria muito bom se soubéssemos respeitar essas diferenças como produto da natureza do ato de escutar e não como atributos ou signos de superioridade pessoal.

Autor: Édison Christianini

Site: http://www.audioliberum.com.br/

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Pois é, depois de um tempão que fui quere saber "o que é aquilo" que a potranca tá dando a "relada", kkkkkkkkkk

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Pois é, depois de um tempão que fui quere saber "o que é aquilo" que a potranca tá dando a "relada", kkkkkkkkkk

Deve de ser um tweeter, acho eu, ou um sub. Sei lá entende... Ainda não tirei os olhos dela

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Eu fiquei uns 10 minutos olha pra essa foto tentando entender o que era aquilo, mas desisti e postei aqui para alguém ajudar, rsrs

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gostei da de rosa

A de amarelo tá esquentando a periquita no calor das válvulas!

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A de amarelo tá esquentando a periquita no calor das válvulas!

já deve de estar com a periquita seca e assada de tanto esquentar então, nem ia dar graça de comer assim... vou ficar com a de rosa mermo

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já deve de estar com a periquita seca e assada de tanto esquentar então, nem ia dar graça de comer assim... vou ficar com a de rosa mermo

:vts :vts :vts

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Depois ninguem sabe pq os donos dos tópicos pedem para fechar

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Um pouco de descontração não faz mal a ninguém.

 

As fotos estão muito bonitas!

 

 

 

 

 

 

A não ser se você não goste da coisa!

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Textos muito bons !

 

Tópico fluindo com descontração , respeito e boa informação .

 

Excelente. :legal:

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já deve de estar com a periquita seca e assada de tanto esquentar então, nem ia dar graça de comer assim... vou ficar com a de rosa mermo

 

Ixi, eu comia até molhar de novo e amassar eu ia amassar mesmo de qualquer jeito...hahahahaahahaha

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Negada disfarça.

 

Certeza que a maioria aqui ia ficar babando na Grand Utopia ali... as coitadinhas iam continuar tendo que se virar com as quinas dos equipamentos.

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Negada disfarça.

 

Certeza que a maioria aqui ia ficar babando na Grand Utopia ali... as coitadinhas iam continuar tendo que se virar com as quinas dos equipamentos.

 

vc fala por vc mesmo né....kkkkkkkkkkk

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Negada disfarça.

 

Certeza que a maioria aqui ia ficar babando na Grand Utopia ali... as coitadinhas iam continuar tendo que se virar com as quinas dos equipamentos.

Grande utopia é eu pensar em ter essas duas ao mesmo tempo...hahahahahaah

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Grande utopia é eu pensar em ter essas duas ao mesmo tempo...hahahahahaah

NÉ?

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Achei esse testo bem interessante

 

 

O que é HIGH-END?

 

Todo raciocínio contido no resumo anterior, acerca da subjetividade do ato de escutar, do entendimento da audição em seu sentido extenso, teve como um dos motivos servir de introdução ao tema da subjetividade da avaliação, da atribuição de valor, em audiofilia. O mesmo enfoque subjetivista e circunstanciado poderia ser utilizado no entendimento da expressão High-End.

Este artigo pode ser entendido, portanto, como uma continuação do anterior, uma livre reflexão sobre o uso e o significado do termo High-End.

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Aliás, acho que tanto o termo audiofilia quanto High-End são de uso relativamente recente. Recordo-me de seu uso ocasional, ilustrativo, há certo tempo, mas não de forma a distinguir uma classe específica de pessoas ou de coisas, tal como são empregados hoje em dia.

Na época dos primeiros contatos que tive com os prazeres e aventuras do áudio eletrônico doméstico, o termo mais utilizado era Hi-Fi. Ou Alta-Fidelidade, que têm um conteúdo bastante explícito, que é a reprodução fiel de alta qualidade.

Procurei, então, na internet os diversos usos desses termos e encontrei muitos artigos esclarecedores a respeito, bastante pertinentes ao tema, mas cada qual puxando a sardinha para um determinado aspecto do uso da expressão High-End, doravante denominada resumidamente de Hiend.

Para a grande maioria dos articulistas, a análise do termo Hiend remete à história da evolução da reprodução eletrônica do áudio, tendo como período inicial da alta-fidelidade pós-guerra, mais especificamente a fase de universalização do áudio estéreo no mercado de entretenimento (inclusive no cinema), dos aparelhos HiFi Stereo e das gravações Hi-fi pelas grandes gravadoras. Nesse período, que culminou de 1954 a 1964, com a introdução de diversas inovações eletrônicas, na construção de caixas e aparelhos eletrônicos mais elaborados, com a realização de gravações magistrais por grandes estúdios, tecnologicamente avançados, é que se dá a explosão e consolidação da mania de se escutar música de alta fidelidade em aparelhos refinados.

Lembro-me muito bem, em 1959/1960, de meu pai comprando um amplificador valvulado alemão da marca Telefunken e mais duas caixas torre da mesma marca. Ele simplesmente adicionou o amplificador a uma eletrola (radio-vitrola) da mesma marca, e passamos a ouvir música emestéreo, em alto volume para que toda a vizinhança também escutasse, não importando que a potência total de todo sistema fosse menor do que 10 watts.

No período seguinte, até meados da década de 70, consolidam-se as grandes marcas dos fabricantes de áudio, fundam-se as revistas especializadas, surgem as empresas dedicadas exclusiva ou principalmente ao áudio de alto desempenho. Lembro-me ainda de várias delas, algumas ainda fazendo parte do seleto grupo de marcas de ponta: Dynaco, Harman Kardon, Jensen, McIntosh, Marantz, Bozak, Tannoy, KEF, Audio Research, Acoustic Research (da qual tive alguns modelos), JBL, Altec Lansing, KLH, e muitas outras. No final desse período começam a se impor no mercado as marcas japonesas, com seus aparelhos transistorizados, e se desenha uma clara distinção entre o áudio High-End e o áudio Hi-Fi de menor preço e de consumo mais amplo.

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Nesse ponto cessa a unanimidade dos articulistas; daí em diante para alguns o áudio Hiend passa a ter um enfoque eminentemente tecnológico, de incorporar a vanguarda da eletrônica e acústica, e os fatos históricos relevantes passam a ser as inovações tecnológicas. Para esses articulistas, Hiend seria o equivalente de Estado da Arte, e os aparelhos de ponta seriam aqueles que expressariam o máximo possível em termos de tecnologia disponível. Não se fixam em marcas ou modelos, mas enumeram as principais conquistas e os progressos incorporados no áudio de entretenimento.

Para outro grupo, trata-se simplesmente uma questão de marcas de elite, ou de nicho de mercado, e a história do Hiend passa a ser a história das principais marcas de áudio. Enumeram, então, as principais marcas, seus dirigentes, os modelos que fizeram sucesso e marcaram a história do áudio.

Para um terceiro grupo, Hiend é um conceito qualitativo, não relativo a valores ou marcas; para estes trata-se simplesmente de obter a melhor qualidade possível de áudio. O áudio Hiend, independentemente da marca ou técnica empregada, seria definido pela capacidade de emular com eficiência a realidade. Desse enfoque, pode haver uma coincidência entre as principais marcas e o melhor áudio, mas não obrigatoriamente e se abre espaço para o DIY, para os aparelhos de menor sucesso de mercado ou de menor preço, mas com maior qualidade de construção e que tenham atingido um desempenho excepcional.

Julgo que todos têm um pouco de razão, e que o termo High-End pode muito bem ser entendido sob a perspectiva tecnológica, referindo-se no caso ao que de melhor a ciência aplicada atual pode produzir, e que também pode se referir a um nicho específico de mercado, de marcas e fabricantes dedicados a produzir produtos caros para uma elite; mas que se aplica também sem qualquer restrição à potencialidade de determinados aparelhos ou conjuntos de aparelhos em conseguir replicar com eficiência a realidade, a ponto de produzir uma ilusão de música ao vivo.

Digo isso porque, afinal, no fundo, essas acepções, embora não coincidam integralmente, pois se referem a cortes diferentes da realidade, têm um substrato comum, e grande parte dos sistemas de áudio de alto desempenho poderia ser enquadrada em qualquer uma delas.

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Dito em outras palavras, o que está tecnologicamente na vanguarda, normalmente, vêm de empresas ou marcas dedicadas ao mercado High-End (de componentes ou de produtos acabados), e têm como característica de funcionamento a capacidade de fazer com que o sistema em que esteja inserido consiga emular com eficiência a realidade.

Para entender essa perspectiva temos que retornar ao artigo anterior, que trata da audição, que nos permite definir o fenômeno da audição como um produto do psiquismo humano. Dito em outras palavras, a gente não escuta o som tal como foi produzido, mas o resultado de sua audição e de seu processamento pelo sistema auditivo no sentido amplo, incluindo o córtex cerebral.

Não basta um saxofone tocar em um conjunto de jazz para que nós a identifiquemos e entendamos seu produto musical; é necessário que conheçamos anteriormente música, estilos musicais, que tenhamos noção do que é ritmo, melodia, andamento, notas musicais e sua relação, etc., igualmente temos que ter uma noção anterior de como soam os instrumentos musicais reais, para que, ao final, possamos entender que aquela sonoridade escutada se refere a de um sax tocando jazz em um conjunto musical.

Trata-se de uma sequência complexa de fenômenos de caráter individual e único, que transforma ondas sonoras em sensações, e essas em percepções e as percepções em entendimento, atuando desde a produção inicial do fenômeno sonoro e resultando ao final em um fenômeno intelectivo.

Ora, durante um longo processo de aprendizado, de experimentação e comparação, conseguimos depreender a que fenômenos sonoros reais se referem nossas percepções. Esse ato complexo depende, portanto, de um esforço de identificação e seleção das fontes de som, de percepção de seu conteúdo e de associação racional dessas percepções a um conjunto de padrões e de conhecimentos anteriores, que permitirá atribuir-lhes conteúdo específico e significado.

Figurativamente, poderíamos dizer que nosso cérebro constrói uma ponte, remontando a totalidade a partir da amostragem auditiva atual em associação com nossos registros e referências mentais preexistentes.

Formamos, com a convivência, o aprendizado contínuo e a experiência, índices e padrões que nos permitem identificar e qualificar fontes musicais reais; da mesma forma desenvolvemos a capacidade para distinguir fontes de reprodução de áudio de maior qualidade, que demandam menor esforço de entendimento, diferenciado-as de fontes de reprodução de menor qualidade, que demandam maiores esforços e implicam em certo desconforto auditivo e intelectual.

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À medida que os aparelhos que reproduzem áudio evoluem, ou melhoram seu desempenho, esse esforço de reconstrução da realidade e entendimento torna-se mais fácil, mais natural, mais imediato, demandando menor esforço de percepção e de dedução. De forma contrária, quanto mais longe do modelo ideal de música real ou de alta qualidade for a fonte sonora, mais trabalhoso relativamente ao padrão esperado torna-se sua percepção e entendimento.

Esses índices e padrões de identificação não são construídos no vazio. O homem é um animal cultural, socialmente condicionado, dependente de códigos, referências e padrões de comportamento.

Os índices e padrões são elaborados tendo como referência a tecnologia disponível, mirando-se nos padrões socialmente vigentes de referência do que deve ser um áudio de qualidade.

Assim, o ato subjetivo de escutar sempre é referido a uma conjuntura tecnológica mais ou menos definida e acessível. Ou seja, sempre existe um padrão de excelência sonora vigente em determinada época e os indivíduos que acompanham essa tecnologia tendem a se aproximar mais ou menos delas em seus padrões pessoais. Tendem a tomar esse padrão vigente de excelência como referência final em sua audição sonora.

Portanto, o que era excelente há algum tempo não o será agora. O que equivale a dizer que o que demandava menor esforço relativo e, portanto implicava em maior relaxamento, em maior sensação de realidade, há algum tempo, hoje seria considerado deficiente, e produziria maiorsensação subjetiva de esforço, menor sensação de naturalidade, maior esforço de entendimento em relação ao esperado, do que quando era considerado o padrão máximo de excelência. Ou seja, a percepção de esforço e a sensação de relaxamento mudam com a alteração dos paradigmas tecnológicos.

Em consequência, pode-se compreender que aquilo que é tido como Hiend, hoje, por estar na vanguarda tecnológica, vai corresponder, no geral, grosso modo, ao que é percebido subjetivamente por grande parcela das pessoas aficionadas como sendo efetivamente Hiend. Ora, normalmente, tais aparelhos e produtos são feitos por empresas dedicadas a equipamentos de excelência e destinados a um nicho específico de mercado.

O que é, portanto, Hiend?

Hiend, de fato, é o termo que se refere a produtos feitos especialmente para um nicho específico de mercado, implicando tradicionalmente em características como alto nível, alto custo e pequena escala, com componentes especiais, de alta qualidade e preço, esmero na construção, que incorporam o que há de melhor em tecnologia no ramo, e que produzem uma forte sensação subjetiva de realidade.

Em termos de mercado, o Hiend pode ser identificado a produtos fabricados especialmente por empresas dedicadas a esse nicho específico de mercado, mas também aos melhores modelos das marcas de áudio de alto desempenho.

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Historicamente havia grande distinção entre as marcas Hiend e aquelas marcas destinadas ao consumo de massa. Hoje, há uma relativa sobreposição, pois as marcas mais tradicionais estão produzindo tanto modelos de alto desempenho e alto custo, quando modelos que poderíamos designar como HiFi ou MidiFi, destinados a um mercado mais amplo.

Lembro-me, mas o tempo pode ter alterado minha percepção, de que, em determinado ponto de um artigo seu, o articulista Fernando Andrette definiu Hiend como sendo o som produzido por um sistema que nos leva a uma forte sensação de relaxamento, de envolvimento, de inserção natural. Pode não ter sido exatamente essa sua colocação, mas parece-me ser a melhor e mais profunda concepção do que de fato é Hiend.

Seria assim como se nosso psiquismo, em função de condicionamento anterior, esperasse despender determinado esforço fisiológico e intelectual para escutar uma apresentação de áudio, mas fosse surpreendido por uma manifestação sonora muito mais próxima da realidade, acima ou ao nível de excelência esperado, tal como percebido por nós, e se produzisse no ouvinte uma sensação maior de facilidade, de maior relaxamento, de maior naturalidade, de tal forma que o cérebro aceitasse ser enganado e se portasse tal como se estivesse diante de uma apresentação ao vivo.

O que é, portanto, Hiend, para mim?

Como as percepções e as idéias são subjetivas, a noção do que é Hiend pode variar de pessoa para pessoa, de acordo com sua individualidade fisiológica e seus padrões de excelência sonora.

Nesse ponto as definições de Hiend se divorciam. Pois se abre espaço para que exista a preferência, para que prevaleça o gosto, e o que é Hiend para alguns não o será mais para vários outros. No entanto, como a função do Hiend é, em última análise, a produção da melhor sensação possível de prazer, inserção e envolvimento, esse aspecto subjetivo deveria prevalecer sobre os demais.

Além disso, mercê da individualidade psíquica e dos múltiplos interesses que se encontram no mundo real, na comunidade audiófila, cada produto poderá ou não ser classificado de Hiend, de acordo com as sensações e os benefícios pessoais esperados por quem está avaliando seu desempenho.

O que implica em dizer que a identificação de cada produto isolado como sendo Hiend só não varia para empresas ou pessoas em situações, com preferências ou com interesses equivalentes. A subjetividade é evidentemente influenciada pela posição individual.

Logo, o subjetivismo não é eficaz o bastante para explicar sozinho o fenômeno Hiend, embora deva sempre ser levado em conta por ser o critério fisiologicamente fundamental.

Assim, os aparelhos que produzem sensações identificadoras de alto desempenho de áudio em uma parcela expressiva dos aficionados deveria ser considerada Hiend, mesmo que não produzam o mesmo efeito nos demais. Todavia, deveriam ter também as demais características de excelência, como qualidade de componentes, esmero de construção, serem destinadas a um nicho específico de mercado, etc..

Por conseguinte, deveriam ser sempre respeitadas e levadas em conta quaisquer avaliações que expressem a vontade de uma parcela significativa de audiófilos, pois preenchem todos os requisitos subjetivos e objetivos dessa qualificação. As avaliações individuais, entretanto, consideradas isoladamente, não poderiam ser consideradas como tal, pois não permitem deduzir que estão referidas a um padrão tecnológico universal, embora sempre devam ser respeitadas.

Existe, entretanto um substrato comum, de marcas e produtos considerados Hiend através de critérios técnicos ou subjetivos, pela grande maioria do mercado. E que podem ser enquadradas em todas as definições. Voltamos, portanto, à formulação feita acima, que me parece ser a mais abrangente, elástica e – por conseguinte – a mais adequada para explicar uma expressão que tem um significado tão amplo.

Em conclusão, a definição de Hiend não pode se restringir a apenas um critério e deve satisfazer aos três critérios analisados, e ser aceito como tal por pelo menos uma parcela expressiva daqueles que trabalham ou acompanham de perto o mundo do áudio de alto desempenho. Assim:

Hiend, de fato, é o termo que se refere a produtos feitos especialmente para um nicho específico de mercado, implicando tradicionalmente em características como alto nível, alto custo e pequena escala, com componentes especiais, de alta qualidade e preço, esmero na construção, que incorporam o que há de melhor em tecnologia no ramo, e que produzem uma forte sensação subjetiva de realidade. Nesse aspecto, talvez o mais importante, Hiend será o sistema que nos leva a uma forte sensação de relaxamento, de envolvimento, de inserção natural, de tal forma a enganar o cérebro mesmo que momentaneamente produzindo a ilusão de uma apresentação ao vivo.

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Hiend precisa ser caro? Não obrigatoriamente, embora essa seja a tendência. Mas esse não é um critério definidor do termo.

Autor: Édison Christianini

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