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[4r]VW ID.4: o que amamos e odiamos no primeiro Volks elétrico do Brasil

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Para uma empresa gigantesca e que presta contas a acionistas, previsibilidade é uma dádiva. As fabricantes de carros sempre utilizaram isso ao seu favor, com décadas de expertise alimentando mudanças sempre graduais e bem pensadas (que mesmo assim davam errado de vez em quando).

Os carros elétricos mudaram tudo: de uma hora para outra, foi necessário investir bilhões em um nicho sem precedentes. Não é à toa que só uma companhia jovem, a Tesla, conseguiu relevância num dos tipos de comércio mais complicados e resistentes a mudanças no mundo. Ao mesmo tempo, montadoras tradicionais que se arriscavam primeiro erravam mais, e outras eram sábias ao observarem isso antes de agir.

VW ID.4: o que amamos e odiamos no primeiro Volks elétrico do BrasilMotor e tração são traseirosFernando Pires/Quatro Rodas

Foi o caso da Volkswagen, que só em 2020 começou a vender veículos elétricos de nascença. A família ID. já nasceu evitando erros primários, como a adoção de um design muito disruptivo. A Volks soube aproveitar a modularidade da plataforma MEB e criar veículos distintos ao mesmo tempo que esteticamente agradáveis, que se relacionam com o legado da alemã e com mecânica adequada.

Dois deles chegaram ao Brasil: a já icônica ID.Buzz e o SUV ID.4, que testamos antes de sua comercialização. Com a conta na mesa, a percepção do produto muda; por isso, além do nosso teste clássicos, apresentamos cinco pontos positivos e cinco pontos negativos para você descobrir se é através dele a sua estreia no mundo eletrificado.

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Pontos positivos

ESTILO Cada um tem seu gosto, mas o Volkswagen ID.4 muito provavelmente agradará quem curte o estilo da VW. Mesmo sem o emblema, o utilitário seria facilmente identificável como um carro da alemã, com elementos que conversam entre si de maneira análoga, por exemplo, a gerações distantes de um iPhone.

VW ID.4: o que amamos e odiamos no primeiro Volks elétrico do BrasilDesign do carro faz sentidoFernando Pires/Quatro Rodas

Formato de faróis e lanternas e para-choques, principalmente, são evoluções de modelos existentes no catálogo da marca. Tanto que novas versões de Tiguan ou Passat, entre outros, trazem estética vinda da família ID. Se em um carro a combustão tais escolhas já são naturais e bem aceitas, é sinal de que a marca soube criar um elétrico que não choca, mas evolui.

VW ID.4: o que amamos e odiamos no primeiro Volks elétrico do BrasilAtenção aos detalhes estéticos é notávelFernando Pires/Quatro Rodas

ESPAÇO Ele é só 10 cm maior do que um Toyota Corolla Cross, mas as referências de um SUV médio podem ser pouco úteis no Volkswagen ID.4, com seus 2,76 m de entre-eixos.

VW ID.4: o que amamos e odiamos no primeiro Volks elétrico do BrasilBalanços curtos favorecem o aproveitamento de espaçoFernando Pires/Quatro Rodas

Os 543 litros de porta-malas são dignos de SUVs grandes, e o espaço traseiro é suficiente para três pessoas viajarem com conforto nos ombros e pernas, ajudadas pelo piso plano. Na dianteira, também há fartura espacial, com destaque para o console central ajustável que diminui uma eventual impressão de claustrofobia de outros modelos.

VW ID.4: o que amamos e odiamos no primeiro Volks elétrico do BrasilAtrás ninguém passa apertoFernando Pires/Quatro Rodas

TECNOLOGIA Nem demais nem pouco. O pacote tecnológico do ID.4 é bem definido, atendendo ao que se espera em termos de conforto e segurança ao mesmo tempo que sua operação não é complexa.

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Os faróis IQ.Light incrementam o estilo, mas servem, principalmente, para iluminar com força e amplitude o espaço à frente do carro. Além disso, os leds usam dados do GPS para ativar modos específicos a estradas rurais, rodovias e cidades, com farol alto que contorna o tráfego na contramão. As luzes tão se adaptam às curvas do trajeto.

VW ID.4: o que amamos e odiamos no primeiro Volks elétrico do BrasilIQ.Light é importante recurso de segurançaFernando Pires/Quatro Rodas

Internamente, há Android Auto e Apple Carplay sem fio, carregador de celular por indução, ar-condicionado trizona, controle de cruzeiro adaptativo com assistente de permanência em faixa e frenagem autônoma de emergência. Os sete airbags são o principal item de segurança passiva.

O som do ID.4 é bom, e o recurso de estacionamento automático, que memoriza até cinco vagas usadas pelos donos no dia a dia, é melhor ainda. Mas essa última função destoa em termos de complexidade na operação, e é necessário algum esforço para entendê-la.

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ESTRADEIRO As IQ.Lights e o ACC se juntam a outros detalhes, que tornam o Volkswagen ID.4 um carro bem confortável para pegar estrada. Nada importa tanto quanto a autonomia, que foi de 446 km (cidade)/354 km (estrada) em nosso teste padronizado, mas empiricamente pode ser um pouco mais.

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Tanto que, no ciclo WLTP, o ID.4 tem autonomia de 522 km e até supera o Tiguan 2.0 que temos no Brasil, cujo tanque de 60 litros e consumo de 8,3 km/l (Inmetro) resultam em 498 km com um abastecimento.

VW ID.4: o que amamos e odiamos no primeiro Volks elétrico do BrasilSair da cidade não assusta esse SUVFernando Pires/Quatro Rodas

O problema é que achar um eletroposto é muito mais difícil do que um posto de gasolina, mas se o cliente mora no Sudeste a situação fica mais fácil. Experimentamos conectar o ID.4 a uma tomada de 125 kW e o resultado foi bom, com 20 minutos adicionando 140 km de alcance e 40 min enchendo a bateria que estava em 32%.

Não é perfeito, mas está na média. 

CONFORTÁVEL Acima da média é o conforto provido pela suspensão adaptativa e o isolamento acústico, que se destacam ainda mais nas avenidas urbanas, muitas vezes esburacadas. A calibração também é boa para buracos e lombadas, tendo o SUV se comportado bem onde semelhantes chacoalham e rolam de forma incômoda.

VW ID.4: o que amamos e odiamos no primeiro Volks elétrico do Brasil400 km parecem muito menos a bordo deleFernando Pires/Quatro Rodas

Junto aos bancos de ajuste elétrico fino e boa ergonomia, roda-se bastante sem cansaço. Pedais precisos seguem a mesma linha e os ocupantes traseiros, além do espaço, têm entradas USB-C próprias e ar-condicionado dedicado. É difícil apontar como tornar o ID.4 mais confortável sem incrementos complexos, dignos de Audi.

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Pontos negativos

BOTÕES CONFUSOS Mas eles existem, é claro. E talvez sejam um dos poucos aspectos nos quais a VW foi moderninha demais.

O exemplo mais incômodo é o dos botões de baixo relevo, que misturam comandos de pressão leve, pressão mais pesada e deslizamento com os dedos para diversas funções.

VW ID.4: o que amamos e odiamos no primeiro Volks elétrico do BrasilNo ID.4, os comandos são todos sensíveis ao toque, inclusive para os faróisFernando Pires/Quatro Rodas

Surgem situações engraçadas: se você está zapeando as músicas do Spotify, é comum manter o dedo sobre o botão de Next no volante, pressionando-o caso queira mudar de faixa novamente. No ID.4, o dedo em repouso age como fast forward, avançando a mesma faixa. Para zapear, é preciso pressionar o botão com firmeza, afastar o dedo do volante, pressionar com firmeza de novo e assim vai… coisa pouca, mas que na frequência em que ocorre no dia a dia vai aborrecendo o motorista.

VW ID.4: o que amamos e odiamos no primeiro Volks elétrico do BrasilÉ fácil errar os comandos do volanteFernando Pires/Quatro Rodas

Também são confusos os comandos dos vidros, que na porta do motorista têm apenas botões para a esquerda e para a direita. Conforme o desejo de operar vidros dianteiros ou traseiros, é necessário apertar um o escrito Rear, que não tem relevo e se acende com discrição para indicar que funcionará com as janelas de trás.

VW ID.4: o que amamos e odiamos no primeiro Volks elétrico do BrasilEntendeu como faz para operar os vidros, motorista?Fernando Pires/Quatro Rodas

TELAS FRACAS Produtos de apelo tecnológico necessariamente precisam de boas telas. Não é questão de tamanho, mas de qualidade, resposta ao toque e interfaces. E em nenhum desses pontos o ID.4 manda bem.

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VW ID.4: o que amamos e odiamos no primeiro Volks elétrico do BrasilCentral multimídia decepcionaFernando Pires/Quatro Rodas

A multimídia de 10” não acompanha a tecnologia veicular, apresentando baixa resolução e menu confuso, que demanda tempo para ser entendido. Pior ainda é o quadro de instrumentos digital de 5,3”, que parece um computador de bordo dada as poucas informações que consegue exibir. Sua resolução é baixa a ponto de pixelar algumas fontes tipográficas mais finas.

PERFORMANCE O ID.4 é comercializado no Brasil em versão única, a Pro Performance. Mas o nome engana, assim como os 204 cv e 31,5 kgfm do motor traseiro.

VW ID.4: o que amamos e odiamos no primeiro Volks elétrico do BrasilNão é manco, mas não é um fogueteFernando Pires/Quatro Rodas

Ele é até bom nas retomadas, mas vai de 0 a 100 km/h em 8,4 s, que mostram o impacto das suas mais de 2 toneladas no desempenho. Esse peso fica evidente até ao abrirmos as portas, que chegam a lembrar de veículos blindados. Mas também ajuda a assentar o utilitário em curvas, pelo menos.

COMERCIALIZAÇÃO Se é atento, reparou que em momento algum dissemos que o ID.4 é “vendido” no Brasil. Tanto ele quanto a VW ID.Buzz chegaram ao mercado exclusivamente por assinatura, afastando a oportunidade de alguém ser realmente o dono de um VW elétrico. No fim há poucas vantagens, ainda mais quando damos conta de que a mensalidade não sai por menos de R$ 9.990. 

VW ID.4: o que amamos e odiamos no primeiro Volks elétrico do Brasil<span class="hidden">–</span>Fernando Pires/Quatro Rodas

O contrato mínimo é de 24 meses, de forma que ao final de dois anos o locatário terá gastado R$ 239.760 e ficará de mãos abanando. Por esse valor, dá para comprar um Volvo EX30 intermediário e ter algo para chamar de seu.

Além disso, a franquia é de 1.000 km/mês, sendo cobrados R$ 1,50 por quilômetro excedente. Caso queira a cota de 2.500 km/mês, por exemplo, o valor mensal sobe para R$ 11.890. Se acrescentar blindagem, serão R$ 15.990/mês. Caso ainda queira alugar um wallbox, a fatura total será de R$ 16.589 a cada 30 dias. Ou R$ 400.000 ao fim da assinatura.

VW ID.4: o que amamos e odiamos no primeiro Volks elétrico do BrasilA conta até pode fechar, mas não é fácilReprodução/Volkswagen

Mesmo o plano básico inclui seguro, mas a coparticipação é de incríveis R$ 20.000 em todos os casos. O prazo de entrega do carro após a assinatura do contrato é de 90 dias. Cerca de 200 carros serão disponibilizados assim.

Documentação e carro reserva estão inclusos, assim como as revisões periódicas. Mas elétricos demandam menos idas à oficina, e se o ID.4 for revisado duas vezes em dois anos já será bastante.

VW ID.4: o que amamos e odiamos no primeiro Volks elétrico do BrasilPintura amarela não está disponível no BrasilFernando Pires/Quatro Rodas

DEFASAGEM Não bastasse gastar centenas de milhares de reais para devolver o carro ao fim do contrato, o condutor do ID.4 deve se contentar com um veículo desatualizado desde a hora que sair da concessionária.

Isso porque, em outubro, o modelo ganhou novidades na Europa, e não estamos falando de coisa pouca (muito pelo contrário): um motor inédito elevou os números do carro para 286 cv e deu-lhe incríveis 75% a mais de torque, chegando aos 55,6 kgfm. 

VW ID.4: o que amamos e odiamos no primeiro Volks elétrico do BrasilNova multimídia do ID.4 na EuropaDivulgação/Volkswagen

Baterias de nova geração atingiram a proeza de elevar o alcance para 550 km com os mesmos de 77 kWh. Por fim, a multimídia agora tem 12,9”, melhor qualidade de imagem e novo sistema operacional.

VW ID.4: o que amamos e odiamos no primeiro Volks elétrico do BrasilPainel foi só uma das mudançasDivulgação/Volkswagen

O software também foi aplicado ao quadro de instrumentos, que utiliza melhor seu espaço limitado. Os botões do volante tiveram os defeitos apontados no texto corrigidos e os comandos deslizantes do ar-condicionado agora têm operação mais fácil.

VW ID.4: o que amamos e odiamos no primeiro Volks elétrico do BrasilSerá que o ID.4 vingará com sua estratégia incomum?Fernando Pires/Quatro Rodas

Se, no fim das contas, o Volkswagen ID.4 parece um bom negócio, é possível ter um por 24 meses acessando o site do VW Sign&Drive.

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