[FullPower] Entusiasta restaura Chevrolet Opala SS com motor 6 cilindr

[RobôAutoforum 9]

Por: Fabio Felix Pascoal / Fotos: João Mantovani

[Esta matéria foi publicada originalmente na FULLPOWER 94]

Acontece às vezes: o entusiasta começa o projeto de um carro modificado e, de repente, os obstáculos aparecem. Sejam dificuldades financeiras, para encontrar peças ou até mesmo conseguir profissionais competentes para concretizar seu sonho. É possível se ver envolvido em situações como estas, qualquer que seja o nível das modificações. Mas, e se a história fosse diferente? Enquanto alguns destes carros acabam apodrecendo em pedaços no canto de uma garagem, outros com “mais sorte” são resgatados por entusiastas dispostos a encarar as dificuldades. No caso desse Opala SS 1972, nada disso se aplica, já que o comerciante paranaense Diego Greboge, de 28 anos, começou comprando apenas as peças, para depois procurar a carroceria que seria beneficiada! “Resolvi que um dia teria um Opala aspirado com tudo o que há de melhor na parte mecânica. Conversando com um grande amigo, o Delmar “Edy” Junior, da Racepower (loja especializada de Curitiba), conheci a nata dos equipos gringos disponíveis para os motores seis cilindros em linha Chevrolet. A partir daí, decidi que realizaria meu sonho, sem me importar com o tempo que isso poderia consumir”, relembra Diego.Disposto a entrar de cabeça nessa empreitada, Diego começou a adquirir aos poucos tudo que o amigo Edy lhe mostrava. “Fiquei exatamente três anos comprando e armazenando as peças em casa até lotar um quarto com vários equipamentos, como bobina, cabos, manômetros… Os carburadores eu comprei um de cada vez até juntar a tripla! O Edy teve que me aguentar todos esses anos, com visitas quase diárias à loja! Em janeiro de 2009, finalmente comprei o último parafuso da mecânica”, conta.Com “tudo” na mão, só faltava uma coisa: o carro! Imagine a situação: o camarada tinha um quarto com R$ 60 mil em peças para montar um Opala aspirado e nem tinha ideia de onde e quando iria encontrá-lo! Após alguns meses de muita procura por um SS em bom estado para reformar, surge o iluminado, um Opala SS 1972 que tinha sido abandonado logo depois de receber a pintura. “Por sorte, um amigo estava com esse carro parado por falta de peças. A pintura era nova, ainda sem polimento, perfeita, zerada! Mas era apenas uma carcaça. Faltavam muitos detalhes de acabamento e interior, algo que pediu uma verdadeira peregrinação em busca das peças originais e zeradas.”O carro foi montado aos poucos e ficou pronto por completo no final de outubro de 2009. Durante esse período, o bicho pegou para achar todas as peças que faltavam. “Vieram componentes de todos os cantos do Brasil! São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e muita coisa consegui aqui em Curitiba, como emblema, painel, bancos, tapetes, vidros, console…”, desabafa Diego.Para montar este acervo de peças, Diego recorreu a duas empresas especializadas curitibanas. A mecânica ficou sob a responsabilidade da preparadora Benato Racing, conhecida por quebrar diversos recordes nos campeonatos de arrancada pelo Brasil com seus “Opalões” aspirados. Já os detalhes de acabamento e suspensão ficaram a cargo da Rotek. Para se ter uma ideia do nível de preocupação na montagem de cada detalhe, antes de revestir os bancos, todos os arames foram pintados com tinta epóxi para protegê-los da umidade, evitando que enferrujem e passem a oxidação para as espumas dos assentos.O resultado de tanto cuidado é evidente. Para onde quer que você olhe, está tudo no seu devido lugar! Frisos alinhados, portas fechando macio como uma geladeira e o mais importante: ao dar a partida no seis bocas forjadão, ouve-se uma sinfonia vinda do escape dimensionado 6×2. A marcha lenta é lisa, mesmo com um comando nervoso, roletado e com mais de 300º de duração. Ao triscar o pé no acelerador, o giro sobe rápido e encorpado, se mostrando um autêntico muscle car tupiniquimRodando com o carro no autódromo de Curitiba durante a sessão de fotos, deu para sentir que os 400 cv estimados pelo preparador estão bem ali, à sua disposição desde as baixas rotações. E há uma explicação para todos esses músculos. Os pistões com 4” de diâmetro, aliados ao virabrequim forjado com curso elevado para 95 mm, proporcionam ao seis cilindros a sensação de torque e potência semelhantes aos de um motor V8. Para suportar o tranco deste robusto seis bocas, a transmissão precisou ser revista e ganhou o valente câmbio dos Dodge com diferencial de Maverick. Pedimos para Diego fazer um aquecimento dos pneus e mostrar do que este SS é capaz, mas faltou coragem para derreter os borrachudos da marca Yokohama A048, montados em belas rodas Weld Racing modelo Pro Star aro 15”.Depois de uma “pequena” insistência por parte da nossa equipe, que deixava escapar frases como “não acredito que não vai borrachar o Opalão!” ou “a gente molha o chão para não judiar muito”, finalmente Diego topou a parada. Entretanto, ele queria que eu mesmo fizesse o burn-out. “Quer fritar, pode fritar”, disse o proprietário. Dei uma olhada para o fotógrafo, pensei bem e achei melhor não assumir a responsabilidade.

“Então, tudo bem”, respondeu Diego, que garante que a fase de extremos cuidados vai passar e, em breve, pretende até se arriscar em algumas provas de arrancada. E eu fui embora, pensando: Ah, se ele tivesse falado duas vezes…

De olho no segredo

Caso você pretenda adquirir um Opala, fique de olho na numeração de chassi. Ela fica sob o banco traseiro (1) nos modelos até 1988. Já nos exemplares de 1989 até 1992, está no porta-malas. Para não entrar em uma barca furada, além desta identificação, existe uma segunda marcação do chassi, conhecida como número segredo, localizada na travessa que envolve o cardã (2 e 3). Esta é uma medida de segurança para verificação dos veículos, que permite saber se a numeração original foi remarcada ou não. Para visualizá-la, deve ser utilizado um espelho, sem a necessidade de cortar o assoalho como fizemos.

FICHA TÉCNICA

• Carroceria:
• Modelo: Chevrolet Opala SS 1972
• Tipo: Cupê, monobloco, motor dianteiro longitudinal, tração traseira
• Motor:
• Modelo: Chevy 250S, seis cilindros em linha, bloco e cabeçote de ferro
• Potência e torque: 400 cv (estimados)
• Dimensões: Diâmetro de 101,6 mm, curso de 95 mm (4.621 cm3)
• Bielas: Cunningham Rods, de aço forjado
• Pistões: JE Pistons, de alumínio forjado
• Virabrequim: Crower, de aço Forjado
• Cabeçote: Código de fundição original 586, válvulas Manley, admissão de 1,94”, válvulas de escape de 1,60”, tampa de válvulas Cliford, balanceiros e tuchos roletados Crower
• Comando: Crower roletado 304ºx306º
• Escape: Coletor dimensionado 6×2 Dudu Escapes
• Alimentação: Três carburadores Weber 44 IDF, coletor de admissão Engine, bomba de combustível Holley
• Taxa/Combustível: 13,5:1 / Etanol
• Ignição: Bobina Mallory Promaster, cabos MSD 8,5 mm, distribuidor MSD Pro Billet, módulo MSD 6AL
• Transmissão:
• Câmbio: Mecânico, 4 marchas, Dodge, diferencial de Maverick
• Embreagem: Multidisco Ceramic Power
• Suspensão:
• Dianteira: Original, com amortecedores e molas recalibrados
• Traseira: Original, com amortecedores recalibrados e barras de tração
• Freios e rodas:
• Freios: Discos ventilados
• Rodas: Weld Pro Star, 15”x6” na dianteira e 15”x7” na traseira
• Pneus: Yokohama 195/50 R15 na dianteira e 225/50 R15 na traseira
• Modificações:
• Pintura, vidros verdes, conta-giros Auto Meter Sport-Comp, manômetros de óleo e combustível, temperatura de água, todos Auto Meter Sport-Comp

 

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